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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Operação Fractal da PF detém 5 PMs e delegado da região é obrigado a depor

A Polícia Federal (PF) em Curitiba deflagrou na manhã desta quinta-feira (25), a "Operação Fractal", para desarticular organização criminosa voltada ao contrabando e à exploração de jogos de azar do Paraná, mediante intensa corrupção policial.

A PF local confirmou a prisão de cinco PMs de Maringá e dois contrabandistas. Um delegado, da região, foi conduzido coercitivamente (obrigado a prestar depoimento). 
Um PM ainda não foi preso - é pertencente ao 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), mas não trabalha em Maringá. Os nomes dos envolvidos, que são acusados de corrupção ativa e formação de quadrilha, não foram divulgados pela PF. Inicialmente, a PF havia divulgado que dez policiais militares haviam sido presos, o que foi corrigido posteriormente.
Por volta das 11h, os policiais foram ouvidos e encaminhados ao 4º BPM, onde ficaram presos. Já o delegado foi ouvido e liberado. Em Maringá, a ação foi comandada pelo delegado Rivaldo Venâncio.
Há ordens judiciais estão sendo executadas nos municípios paranaenses de Maringá, Curitiba, Medianeira, Foz do Iguaçu, Faxinal e Matinhos; em Porto Alegre e Canoas, no Rio Grande do Sul, e em Laguna e Joinville, em Santa Catarina.
Até por volta das 12h, a PF confirmou que 13 pessoas foram presas e 13 veículos apreendidos na ação policial.
A Polícia Federal iniciou a investigação em 2010, após representação do Ministério Público Federal de Umuarama (a 172 km de Maringá), e apurou que a quadrilha se valia de um "braço armado" formado por policiais militares lotados, em sua maioria, em rotas de contrabando no noroeste do Paraná. Além de facilitar a passagem da mercadoria do grupo, os policiais extorquiam contrabandistas concorrentes, repassando parte dos valores e dos produtos desviados de apreensões ao núcleo central do esquema.
A organização criminosa era liderada por um assessor de um Deputado Estadual do Paraná e por Oficiais da Polícia Militar ocupantes de postos chave, que, em contrapartida, mantinham os policiais aliciados em equipes móveis e os auxiliavam em procedimentos disciplinares para perpetuar as práticas delituosas.
Ao longo dos trabalhos foi detectado o cometimento de diversos crimes, inclusive de alçada estadual e militar, tudo girando em torno da lucrativa prática do contrabando de cigarros.
As somas dos valores oriundos da corrupção e repassadas ao assessor e seus contatos na corporação militar paranaense giravam em centenas de milhares de reais. Tal movimentação possibilitou a obtenção de grande patrimônio por parte dos integrantes da quadrilha, sendo que parte dos imóveis, bem como valores, foram bloqueados por decisão judicial.
Cerca de 250 policiais federais cumprem 40 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e 29 mandados de condução coercitiva.
Fractal
O nome da Operação é decorrente da capilaridade detectada nas investigações, que levou a quadrilha a infiltrar-se em todas as esferas do Estado. Por um conceito matemático, "fractal" seria um objeto que apenas encontraria regras na irregularidade, com grande capilaridade, definindo bem a atuação do grupo. Na investigação existem indícios de que a Organização Criminosa infiltrou-se, ou buscava influência, em setores das polícias Militar, Civil e Federal, Receita Federal, Receita Estadual, Ministério Público Estadual e Assembleia Legislativa do Estado Paraná.
Vale ressaltar que ao longo da investigação foram realizados diversos flagrantes e prisões de servidores públicos por corrupção. A investigação, que está em segredo de justiça, deverá realizar outras diligências.
Será realizada entrevista coletiva às 10h, na Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná (Rua Professora Sandália Monzon, 210- Santa Cândida- Curitiba) (O Dário)